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RESUMO

Este artigo apresenta um resumo dos movimentos fundamentais e essenciais na prática das artes marciais (os Três Formatos de Poder) reunidos em uma única metodologia universal com uma abordagem de treinamento minimalista. Através de procedimentos científicos somados a mais de 30 anos de pesquisa e prática de diversos estilos de luta, consegui identificar as partes do corpo humano responsáveis por manter seu equilíbrio dinâmico e então desenvolvi quatro séries de exercícios funcionais que remodelam o sistema nervoso do praticante para controlar voluntariamente pontos de apoio importantes. Estes exercícios baseiam-se na tese da COGNIÇÃO CORPORIFICADA e centram-se no estímulo do reflexo ideomotor responsável por micro movimentos musculares quase imperceptíveis.

Considerando que o objetivo principal das artes marciais é a sobrevivência, então equalizar as forças é imprescindível. Para isso precisamos refinar nossa sensibilidade cinestésica, detectando e interceptando ameaças, enfraquecendo e tirando o equilíbrio do oponente e atingindo-o com impacto e precisão. Todas essas ações dependem da neutralização dos golpes e manobras do inimigo durante o combate. Esta habilidade cinética que chamei de efeito “Sinomotor” será cultivada em um “Corpo Marcial Fechado” preparado com quatro séries de exercícios especiais. Esta é a primeira vez que o efeito Sinomotor será explicado com uma hipótese e uma teoria racional para uma melhor compreensão deste fenômeno.

 

Palavras-chave: Artes marciais. Tai Chi Chuan. Legítima defesa. Método marcial racional. Equilíbrio. Poder interno.

I. APRESENTAÇÃO

O corpo humano desenvolve um mecanismo de adaptação e defesa contra possíveis ameaças, dentro e fora do seu organismo. Não por coincidência o nosso sistema nervoso central também é um sistema coaxial que recebe estímulos como som e luz, gerando e transmitindo impulsos de sinais eletroquímicos da cabeça aos pés e dos pés às mãos, regulando e mantendo a homeostase. Esses sinais percorrem a medula espinhal até suas extremidades mais distantes, os pés e as mãos, compreendendo os trilhos anatômicos dos meridianos miofasciais (Myers, 2001) e conservando então a integridade tensional de sua própria estrutura (biotensegridade). E ambos os hemisférios do cérebro, além de sua enorme neuroplasticidade, monitoram duas informações simultâneas (mantendo um olho na presa e outro no predador).

E se, em vez de praticar a abordagem tradicional de tentativa-e-erro (uma forma artificial e mecânica de treino), simplesmente confiarmos nos nossos reflexos fisiológicos e instintos para nos defender e atacar? Afinal, já nascemos com células semelhantes a soldados que detectam, interceptam, atacam e exterminam agentes e moléculas invasoras, imunizando-nos 24 horas por dia, 7 dias por semana, até a velhice.

Então, como simplificar a essência de todas as artes marciais em um único método de aprendizado rápido e seguro do combate desarmado, capaz de neutralizar diversos tipos de agressões físicas? Qual das diversas reações incondicionadas e automáticas do nosso sistema nervoso é necessária para realizar a mesma função do nosso sistema imunológico, mas fora do corpo, numa luta violenta contra múltiplos inimigos?

Munido de conhecimentos científicos recentes e estudando durante três décadas as habilidades extraordinárias de vários mestres, lutadores profissionais e criminosos violentos, selecionei o reflexo ideomotor para estar à altura da tarefa.

Quando eu praticava Aikido, Tai Chi Chuan, Yi Chuan, Wing Chun e Guided Chaos (www.guidedchaos.com), eu sentia em meu corpo oscilações involuntárias sutis durante a lenta transferência de peso entre minhas pernas. Aquelas micro contrações musculares eram as mesmas que ocorriam nos ligamentos e tendões dos dedos aparentemente estacionários dos chamados radiestesistas enquanto moviam um pêndulo ou uma vareta. Aquelas contrações quase imperceptíveis eram suficientes para estimular o meu sistema nervoso central, preservando o equilíbrio de toda a minha estrutura.

Torques, giros e rotações ocorriam em torno do meu eixo vertical na frente da segunda vértebra sacral (e também às vezes dentro dos soquetes do quadril e das omoplatas). E a pelve é o local onde podemos encontrar nosso Centro de Gravidade (C.G.) de acordo com a “posição anatômica” mostrada nos livros de biomecânica moderna. Devido a diversas adaptações evolutivas, entre elas o fato de sermos bípedes e o nosso estilo de vida sedentário, esse núcleo de concentração de massa se deformou e se deslocou de seu lugar original à medida que crescemos, sabotando nossa estabilidade física e causando dores crônicas e acidentes com variados graus de lesões. Ciente disso, organizei uma rotina de exercícios funcionais que utiliza a visualização e a sensação interior para estimular o reflexo ideomotor que nos estabiliza e nos fortalece sem a intervenção do pensamento (veja o INCONSCIENTE ADAPTATIVO, também chamado de estado “Mushin”/“Wu Wei” nas artes marciais japonesas e chinesas, respectivamente).

O objetivo era controlar o núcleo do corpo onde forças opostas se encontram, como a gravidade e a reação do solo. Com a prática destes exercícios, haveria um aumento da consciência corporal tanto quanto do equilíbrio e da motricidade.

Posteriormente desencadeei outro reflexo postural, estabelecendo uma conexão craniossacral, entre cabeça e quadril, utilizando a coluna vertebral como eixo e o sacro como a “pedra angular” encontrada nas construções das pontes em arco.

Ossos, ligamentos, tendões e músculos estão unificados em um sistema vivo e dinâmico de compressão e tensão, dobramento e desdobramento, abertura e fechamento, expansão/inflação e retração/encolhimento, comumente visto nos arcos e espirais feitos por nossas articulações (a fonte anatômica do “Princípio Origami” ensinado no TAI CHI IMOTO). Então, a extremidade de cada membro do corpo naturalmente rotaciona e translada. E graças ao efeito ideomotor, quando uma parte do corpo para, todas as outras partes param completamente e quando uma parte começa a se mover, todas as outras partes começam a se mover também.

Articulação sacroilíaca na região pélvica.

Para explorar a resiliência e a antifragilidade desta integridade tecidual cultivada em meu corpo procurei aplicar a combinação de compressão e tensão nos exercícios combativos e golpes.

Antes de executar qualquer técnica marcial, primeiro estendo ambas as extremidades do meu eixo vertebral, depois viro ligeiramente a cabeça e faço arcos nas pernas e nos braços. Graças a esta “alavanca mental” e sem qualquer força bruta, consegui afetar o equilíbrio do meu parceiro de treino assim que o primeiro contato foi estabelecido. Assim, o corpo ficava “fechado” e interligado como uma esfera, sem qualquer vazamento ou desperdício de energia cinética.

Com esse novo estado físico e mental, pude aplicar múltiplos vetores de força, interferindo no sentido de propriocepção dos oponentes e enganando a sua comunicação músculo-cérebro. Esse efeito inusitado chamei de “Sinomotor”, a combinação de Sinergia + Ideomotor.

EFEITO SINOMOTOR: um método de desequilibrar o corpo humano que inverte a rotação de um torque muscular do qual depende para manter seu equilíbrio.

Segue uma breve explicação dessas descobertas e posteriormente uma rotina de exercícios para que o praticante possa desenvolver sozinho esse corpo interligado, podendo se tornar uma arma viva ao aplicar golpes e movimentos de combate aproveitando a eficácia do efeito Sinomotor.

 

II. DESVENDANDO UM ENIGMA DAS ARTES MARCIAIS ASIÁTICAS

Certos famosos mestres orientais e ocidentais sabiam como evitar a pressão externa sobre o seu esqueleto. Esta técnica misteriosa de desviar sem esforço a força adversária permaneceu restrita a alguns herdeiros daquelas tradições. Suspeitei também que aqueles antigos artistas marciais escondiam uma ação física e mental para aplicar forças em direções opostas, enganando os sentidos e as reações automáticas de seus adversários.

Depois de competir em ringues de Muay Thai, assistir centenas de lutas violentas e praticar os princípios e exercícios do Guided Chaos com o seu fundador, o Grande Mestre John Perkins, identifiquei os raros momentos em que conseguia recriar os mesmos efeitos daquela técnica, e reconheci quando eles eram causados por outros artistas marciais e lutadores. Analisando essas experiências de forma crítica, juntamente com estudos biomecânicos de anatomia, finalmente consegui identificar os Três Formatos de Poder. A síntese de tudo o que aprendi em diferentes disciplinas marciais e de luta me ajudaram a compreender isto.

Assim nasceu o “MÉTODO IMOTO DE TAI CHI CHUAN” em 2008, com uma abordagem sistemática para o treinamento marcial.

 

III. OS TRÊS FORMATOS DO PODER: O ARCO-MOLA, A HÉLICE E O GIROSCÓPIO

Para manejar qualquer instrumento precisamos de controle muscular e conhecimento de suas funções básicas para nos acostumarmos com o peso, o ponto de equilíbrio e o torque por ele produzido, para que possamos criar linhas de apoio desde o solo até as mãos, até adquirirmos destreza suficiente. Assim, o corpo é a arma que empunha todas as outras.

 

ARCOS-MOLAS: não por acaso o atlatl foi a ferramenta primitiva mais utilizada para caçar animais de grande porte. Basicamente, servia para prolongar o comprimento da alavanca do braço e arremessar lanças à longa distância e com maior força de impacto e penetração. O atlatl, o arco-e-flecha e a catapulta, todos agem e funcionam como molas elásticas. O mesmo ocorre em nossos ossos, ligamentos, tendões, músculos e tecidos conjuntivos graças ao fenômeno da bio-tensegridade.

Native American hunter throwing a spear with the atlatl. Illustration by Donald Monkman in Pettipas (1996).
Caçador nativo americano atirando uma lança com a estólica (ilustração de Donald Monkman).

A FORMA SEGUE A FUNÇÃO”: o arco foi feito para lançar flechas. Assim, quando arqueamos as partes superior e inferior do nosso corpo formando arcos (sem dobradiças rígidas), elas naturalmente se encontram e se conectam ao nosso núcleo fazendo uso do “efeito Serape*. No final, teremos duas molas flexíveis se entrelaçando em formato de “S”.

Tiro com o arco mongol.
Arco com pedra angular no topo.

HÉLICE: o segundo formato derivado da união dessas molas é uma hélice dupla, trançada e torcida nas extremidades em sentidos opostos. Quando os giros das pontas das hélices se propagam radialmente a partir de um centro e eixo neutros na junção dos arcos do corpo (mais precisamente no sacro, doravante “ponto focal”), surge o terceiro formato, o do GIROSCÓPIO.

 

GIROSCÓPIO: rotações nos planos horizontal e vertical, seguindo uma trajetória em espiral subindo e descendo, tornam o corpo virtualmente fechado, dificultando o acesso à sua base de apoio enquanto confunde o tato e nega as forças de puxar e empurrar dos oponentes.

Molas.
Hélice dupla.
Giroscópio.

Fazendo uso dos exercícios isodinâmicos do arco-mola, aprendi a distribuir as forças aplicadas no meu corpo (nunca permitindo compressões sobre o meu esqueleto), a reaproveitá-las com os exercícios pliométricos (o “Dropping Power” e o “Princípio de Afundamento e Enraizamento” do boxe ocidental e das artes marciais internas orientais, respectivamente) e como fazê-las circular ao redor do meu “ponto focal” (um centroide virtual perto do sacro) e de fulcros naturais e imaginários como hélices torcidas. Com os arcos rotacionando como hélices e fazendo trajetórias em espiral ao redor de eixos e pontos de pivô, consequentemente o poder do giroscópio se manifestou.

*O efeito de serape já descrito em 1970 por Logan & McKinney, surge de uma cadeia de músculos em diagonal no tronco. A torção cruzada entre ombros e quadris alonga essa musculatura ao máximo e quando a sua tensão é liberada, eles encurtam para a conclusão do movimento e o aceleram.

120 dias de prática diária de uma série de exercícios para cada formato de poder foi o período necessário para eu criar as sinapses adequadas e desenvolver o controle motor fino. O resultado foi a criação de uma nova capacidade de manipular e redirecionar forças através de alavancas “invisíveis”. Essa técnica incomum de interagir com a gravidade, redirecionar a pressão, transformar forças externas em pseudo-forças e usá-las intencionalmente também pode ser reconhecida em certas antigas artes marciais orientais. Contudo, estas artes marciais exigem décadas de prática intensiva. Mas basta um curto período de quatro meses praticando diariamente as séries de exercícios dos Três Formatos de Poder para se adquirir tais habilidades no TAI CHI IMOTO.

Seguindo essa rotina de treinamento experimental e simples, o praticante também conquistará autonomia, não precisando depender de milhares de detalhes técnicos, opiniões e experiências de terceiros e de um super condicionamento físico insustentável a longo prazo.

 

IV. APLICANDO O MÉTODO CIENTÍFICO RACIONAL ÀS ARTES MARCIAIS

Depois de dez anos buscando meios de aperfeiçoar os Três Formatos do Poder, constatei que meus treinos e pesquisas não estavam seguindo uma sequência objetiva de desenvolvimento. Minha abordagem deveria ter um início, meio e fim, e as etapas e procedimentos teriam que priorizar um fácil entendimento dos conceitos com representações em ilustrações e filmagens.

A física explica fenômenos usando objetos com formato e localização sem apelar para conceitos irracionais ou depender da autoridade de terceiros.

Por isso, escolhi uma abordagem racional, aprendendo a diferenciar um objeto de um conceito e explicando fenômenos na devida ordem em que aparecem em cena em vez de apenas descrevê-los.

O TAI CHI IMOTO só se tornou científico em 2018 ao ser racionalmente ordenado. Para a ciência estudar o que existe e explicar o que é e o que não é possível na interação entre dois ou mais objetos, é necessário conceber uma hipótese para formular uma teoria simples e elegante e assim facilitar uma conclusão.

 

A HIPÓTESE

A metodologia racional me ajudou a ver o corpo humano (o objeto) como um conjunto de fibras, feixes e camadas entrelaçadas e interconectadas de tecido celular.

Graças aos sistemas conjuntivo (tecido miofascial, tendões, ligamentos), nervoso (pulsos de sinais neurais e reflexos) e esquelético (ossos são transportadores biomecânicos de carga), nosso corpo absorve e acumula forças (poder dos arcos de molas) e as deflete por meio de movimentos musculares torcionais e oscilatórios (poder das hélices e do giroscópio).

Considerando que o formato básico do corpo não é esférico, mas sim cilíndrico, cada segmento da anatomia e cada articulação funciona como uma alavanca e deve ser treinada como tal: “a forma segue a função”.

O passo seguinte é usar esses poderes estruturais internos como armas.

 

A TEORIA

Quanto mais segmentos corporais são recrutados, melhor: a cabeça, as partes superior e inferior do corpo, o tronco e cada uma das articulações destes segmentos, incluindo as falanges, as vértebras e até a mandíbula, deverão ser estimulados e ativados. Quando todos os segmentos se coordenarem entre si para criar vários movimentos simultâneos através do efeito ideomotor, o corpo controlará melhor a sua própria “esfera de influência” (de percepção sensorial e de alcance dentro e além do seu espaço peripessoal) e será capaz de desviar forças e enganar o sistema nervoso de outro corpo humano após o contato imediato ocorrer. Este quase desconhecido poder cinético foi denominado efeito Sinomotor.

Para incorporar esta habilidade fascinante e sem esforço foi necessário criar um novo reflexo na postura da cabeça com os quadris, do crânio com o sacro. Isto exigiu a prática intensiva durante 120 dias ininterruptos de quatro séries de exercícios funcionais selecionados para desafiar a coordenação ideomotora. Sob esta reprogramação cinestésica, meus movimentos começaram a se expressar a partir do centro de massa original no “ponto focal” sem comprometer o meu próprio equilíbrio. Consequentemente, isso me permitiu aplicar o efeito Sinomotor como um gatilho para aprimorar qualquer golpe ou movimento sutil. Assim que terminei o primeiro ciclo de exercícios composto pelos Três Formatos de Poder, detectei uma melhora notável na postura, no caminhar/pisar e também nas habilidades marciais dos meus alunos.

 

CONCLUSÃO

Se é possível ou não armazenar, neutralizar e redirecionar forças num combate através do efeito Sinomotor cabe a cada um dos praticantes experimentar, testar e sentir por si mesmos.

O efeito Sinomotor tem potencial para se tornar a principal técnica de equalização de forças na legítima defesa. E a inclusão de tal habilidade quase desconhecida no arsenal dos lutadores profissionais também tem o potencial de renovar os esportes de combate.

The “Closed Martial Body” represented by an icosahedron forming a sphere: the largest volume within the smallest area.
O “Corpo Marcial Fechado” representado por um icosaedro até formar uma esfera: o maior volume dentro da menor área.

V. AS QUATRO SÉRIES DE EXERCÍCIOS DO TAI CHI IMOTO

Segundo o neurocientista Daniel Wolpert em sua palestra “The real reason for brains” (TED Global, julho de 2011), o cérebro é um órgão de antecipação e produção de movimentos complexos e adaptáveis às mudanças inesperadas ao seu redor, estimulado pela memória de situações e reconhecimento de padrões similares experimentados anteriormente. Para cumprir a demanda evolutiva de sobrevivência e regular contrações musculares, o cérebro está consecutivamente recebendo e enviando sinais até as extremidades do corpo e além. Defeitos e danos físicos nos órgãos sensoriais e canais condutores dificultam ou bloqueiam a propagação desses pulsos neurais. E um centro de gravidade fora do lugar compromete o fluxo desses sinais nervosos e embota os sentidos.

Por conseguinte, na execução das posturas e exercícios é imperativo deixar a musculatura descontraída e as articulações sem folgas. Isso evita limitações de alcance e de mobilidade e desperdícios com impulsos neuromusculares supérfluos que sabotam a atenção e freiam as oscilações de cada segmento. O único esforço é o da ação ideomotora para perceber e guiar seus sinais nervosos ao longo do corpo, tendo o “ponto focal” como referência inicial de balanceamento e transmissão de forças.

A seguir, a lista com os nomes das séries e uma breve descrição de seus exercícios. Para conhecer e praticar corretamente cada uma delas, serão preparadas videoaulas com demonstrações e explicações detalhadas (este treinamento à distância ou presencial sob a supervisão de instrutores especializados na aplicação do efeito Sinomotor, pode ser acessado no website www.metodoimoto.com).

 

(1º CICLO – 28 dias)

 

1ª SEMANA: SÉRIE DOS ARCOS CATENÁRIOS (https://youtu.be/QOuaGh-xSLo)
1 – “Balança” (identificando o “ponto focal” no osso sacro, a “pedra angular” dos arcos).
2 – Arco das pernas.
3 – Arcos laterais e frontais.
4 – “Espada fascial”.
5 – Reação reflexa de espanto.
6 – Imobilidade Dinâmica (manutenção dos cinco arcos).

 

2ª SEMANA: SÉRIE ANTERIOR + SÉRIE DAS MOLAS
1 – “Sumô”.
2 – “Estrela”.
3 – Wall Ball.
4 – “Canguru” e “Saci” (saltos duplos e alternando pernas.)
5 – Flexão de braços e de coluna: na parede e no chão.
6 – Alternando os arcos segurando halteres.

 

3ª SEMANA: SÉRIES ANTERIORES + SÉRIE DAS HÉLICES
1 – “Motor Espinhal” sentado em um banco ou cadeira.
2 – “Pivô Central” e “Flexões Circulares”.
3 – “Parafuso” (posição de pé e deitado), subindo e descendo, como se enrolasse uma linha em um cilindro.
4 – “Alternando os Arcos” manuseando halteres: torcendo e girando, espiralando pernas, braços, coluna e cabeça.
5 – “Fólio de Descartes” com palmas, socos, cotovelos, bastões e facas.
6 – “Parábola Descendente” deslizando a pélvis para chutes e joelhadas.

 

4ª SEMANA: ANTERIORES + SÉRIE DO GIROSCÓPIO
1 – Giro do eixo vertical no sentido horário enquanto gira no horizontal anti-horário (e vice-versa): abraçar bola suíça e segurar pneus com esferas de aço.
2 – Girar pedais, bastões, bolas medicinais e argolas nos dois sentidos e nas seis direções.
3 – Sequência das oito posturas e movimentos no chão: ponte/guarda, lateral tesoura/helicóptero, tartaruga, agrupamento, passagem pelo chão, borboleta, iogue e levantada técnica.
4 – Oito padrões naturais do movimento: rastejar, caminhar, correr, saltar, escalar, agachar e dobrar, arremessar e bater com objetos, carregar e arrastar objetos.
5 – Golpes livres de braços e pernas em pé e no chão.
6 – Golpes e movimentos livres com armas longas, médias e curtas.

 

Os 90 segundos iniciais de cada exercício são executados em um ritmo normal e de velocidade constante seguindo mentalmente as articulações na sua ordem correta de envolvimento, primeiro irradiando do “ponto focal” no baixo ventre para a cabeça e os dedos das mãos e dos pés. Depois faça o caminho oposto, das extremidades das mãos e dos pés e cabeça de volta para o “ponto focal”.

Para encerrar o exercício acelere intensamente os movimentos durante 30 segundos. Depois, vá reduzindo os movimentos até que só reste a intenção deles (ação ideomotora). Mantenha a posição, diminuindo a compressão nas articulações, e relaxe os músculos por 30 segundos. Então, saia da posição, balançando os braços e as pernas, saltite uma ou duas vezes e gire o corpo na cintura e na virilha por mais 30 segundos.

Vá para o próximo exercício.

3 minutos em cada exercício são suficientes para terminar uma série em 20 minutos. Em 28 dias o primeiro ciclo estará concluído. Você deverá repeti-lo mais três vezes sob a supervisão de um instrutor do TAI CHI IMOTO.

Desenho de Rudolf Laban para a capa do seu livro “Domínio do Movimento” (1950).

VI. A CIÊNCIA DO “CORPO MARCIAL FECHADO” E DA APLICAÇÃO COMBATIVA DO EFEITO SINOMOTOR

As quatro séries de exercícios do TAI CHI IMOTO foram criadas para resgatar e incorporar o “ponto focal” em sua posição anatômica original onde convergem as forças possibilitando o “Corpo Marcial Fechado”. A alta frequência dos impulsos neurais gerados pelo sistema nervoso central será canalizada, gerenciando a força da gravidade e a da reação do solo em nosso “ponto focal”. Quando um “Corpo Marcial Fechado” toca um corpo normal, graças à sua extrema sensibilidade, estabelecerá uma ligação, criando uma nova estrutura na qual o peso é a soma de ambos os corpos enquanto houver contato entre eles (por isso a locomotiva dos trens é capaz de movimentar centenas de vagões: o primeiro vagão acoplado à locomotiva e posto em movimento por ela puxará o segundo vagão que puxará o terceiro e assim por diante).

A cadeia cinética se estenderá e depois fechará. O movimento será completado devido a esta conexão física “osso com osso”.

O “Corpo Marcial Fechado” irá “sequestrar” o centro de gravidade do corpo normal e assumirá o controle da sua força de reação do solo para redirecioná-la (toda ação tem uma reação de igual magnitude).

O corpo normal preso dentro do raio de alcance do “Corpo Marcial Fechado” ficará com o seu controle motor sobrecarregado. Por uma fração de segundo o corpo normal perderá sua referência espacial ao se tornar uma extensão do “Corpo Marcial Fechado”. Bastará aplicar uma pressão simples no ângulo e na direção do eixo e do centro de gravidade do corpo normal, para desencadear o efeito Sinomotor: uma reação reflexa será ativada no corpo normal, “desenraizando” a sua base de suporte uma vez que o centro de gravidade foi momentaneamente perdido. Isto é possível porque o “Corpo Marcial Fechado” interfere na comunicação do sistema nervoso do corpo normal. Com micro oscilações e torques inesperados, o “Corpo Marcial Fechado” altera os sinais do sistema nervoso central no corpo normal, causando espasmos e bloqueando os movimentos básicos como manter-se firme na posição vertical ou levantar um braço ou uma perna. A reação mais comum ao efeito Sinomotor é uma contração sutil (reflexo miotático/tetania) seguida por um relaxamento muscular involuntário-instintivo. Uma vez congelado em uma determinada postura, o corpo normal torna-se estruturalmente rígido como um manequim sem um pedestal grande e pesado para equilibrá-lo. Então, o corpo normal perderá o apoio do seu centro de gravidade e será afetado pelo “Corpo Marcial Fechado” devido à transferência de impulso/momento. Esta transferência é causada pela oscilação sequencial em ondas dos vários segmentos do corpo, como o golpe de um chicote.

 

VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As quatro séries de exercícios são a matéria-prima dos Três Formatos de Poder para que você possa obter vantagem marcial mecânica enquanto se protege contra impactos e danos nas suas articulações. A sua prática diária cultivará o “Corpo Marcial Fechado” com o qual o efeito Sinomotor será aplicado.

Com o aumento de dados coletados das experiências dos seus praticantes, esta metodologia aberta continuará evoluindo e, consequentemente, o tempo e a quantidade de exercícios e esforço no processo serão reduzidos.

Ao completar os quatro ciclos iniciais das quatro séries de exercícios, o praticante do TAI CHI IMOTO poderá fazer experimentos em duplas com o seu “Corpo Marcial Fechado”, testando o efeito Sinomotor em condições controladas de sparring e de contato corpo-a-corpo de qualquer sistema de luta ou autodefesa. Em alguns meses, as manobras e golpes dessas modalidades funcionarão com ainda mais eficiência e os insights que o efeito Sinomotor despertará nesta geração pioneira de praticantes os ajudarão a superar platôs em seus treinos, corrigir disfunções, elevar seu nível técnico e aumentar sua longevidade. ∎

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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